sábado, 8 de novembro de 2008

A vida a bordo das naus

ALIMENTAÇÃO
Pão e cereais (para fazer pão a bordo), carne salgada e fumada, peixe seco e salgado, queijo, manteiga, frutos secos (como passas de uva, figos ou ameixas), mel, marmelada, açúcar, arroz, alhos e cebolas, eram alimentos comuns à maioria das embarcações.

OCUPAÇÃO DOS TEMPOS LIVRES
Os tempos livres a bordo eram preenchidos com diversas actividades. Muitos dos passageiros desocupados encontravam na aprendizagem da manobra do navio ou no conhecimento das estrelas uma boa forma de passar o tempo. Nisso podiam ser ajudados por elementos da tripulação, com quem, eventualmente, pudessem vir a estabelecer contactos mais próximos.
A leitura era também uma forma de ocupação.
Entre os livros mais apreciados, segundo V. M. Godinho, estariam os romances de cavalaria.
As cerimónias, festividades e demais actividades religiosas, acabavam também por funcionar como formas de ocupar os tempos livres.
A música e o canto constituíam também formas de diversão.
Os jogos - e particularmente os jogos de azar - ocupavam lugar de destaque entre as diversões a bordo. Também o teatro desempenhava um importante papel enquanto forma de ocupação e distracção no quotidiano a bordo.

HIGIENE
As condições de higiene nos navios da Carreira da Índia não eram, na maior parte dos casos, as melhores e contribuíam para que surgissem vários surtos de doenças.
Um dos seus maiores motivos era a vulgar sobrelotação das embarcações e o transporte de escravos, sobretudo na torneariam, em espaços reduzidos. Não tendo os navios, mesmo em situação normal, grandes condições sanitárias, fácil é perceber quais as dificuldades que se podiam colocar quando a quantidade de pessoas ultrapassava os limites recomendados.
A ausência de muitos dos hábitos de higiene hoje considerados normais, conjugada com a inexistência de espaços próprios, nas embarcações, para as necessidades fisiológicas, tinha resultados pouco recomendáveis: "Estes navios são extremamente sujos e infectos, porque a maior parte da gente não toma o trabalho de ir acima para satisfazer as suas necessidades, o que em parte é causa de morrer ali tanta gente”. Após alguns dias de viagem, os navios transformavam-se em locais pouco recomendáveis do ponto de vista higiénico e sanitário, ou seja, com excelentes condições para o desencadear de doenças, como a seguir se verá.
Guilherme Fernandes

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